QUÍMICA EXPERIMENTAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A
Experimentação no Ensino de Química
A química no ensino médio tem sido constantemente criticada, por alunos e
pela sociedade, por tratar-se de uma disciplina descontextualizada, fragmentada
em seus conceitos, desmotivadora e que é ensinada e aprendida baseada na memorização.
Com vistas a mudar esse quadro, diversas metodologias de ensino de química
são desenvolvidas. Pesquisas apontam que é de conhecimento dos professores de
ciências o fato da experimentação despertar um forte interesse entre alunos de
diversos níveis de escolarização. Na fala de alunos também costuma aparecer a
experimentação como um caráter motivador e auxiliar no aprendizado da
disciplina. De um modo geral, tanto professores como alunos, atribuem que a
experimentação aumenta a capacidade de aprendizado, pois atuaria de forma a
manter a atenção dos alunos no tema (conceito) em discussão.
Porém algumas concepções sobre o uso do laboratório no ensino, mostram uma
visão simplista da experimentação, com enfoque em “comprovar a teoria no
laboratório”. Outras formas de “conceber” a metodologia mostram que têm como
objetivo verificar conceitos através da coleta de dados, sem explorar
características interpretativas e investigativas, conciliadoras do processo de
ensino-aprendizagem. Assim, as atividades experimentais não motivam e não
proporcionam o desenvolvimento cognitivo ou de emancipação crítica do aprendiz.
Em tais atividades encontram-se os objetivos educacionais de conhecer,
analisar, compreender, aplicar, sintetizar e avaliar com fundamentação,
buscando-se conciliar o conhecimento químico com o mundo real para a formação
do indivíduo. Deste modo, pode-se dizer que o uso do laboratório, atualmente
explorado de um modo simplista, pouco tem sido útil para o desenvolvimento de
uma aprendizagem significativa.
Na perspectiva de contribuirmos
para uma concepção mais elaborada sobre o uso da experimentação, ou seja, do
entendimento do papel que esta desenvolve no processo de ensino-aprendizagem de
Química, buscamos explorar a experimentação problematizadora, por entendermos
que esta vai alem da mera metodologia investigativa. A metodologia
problematizadora propõe a leitura, a escrita, a fala e o debate
(contextualizados com a realidade) como indissolúveis da discussão conceitual
dos experimentos, explorando-se assim, o processo comunicativo pelo qual se
constrói um novo conhecimento no aluno e no professor, ambos aprendizes ao
longo do processo.
Contexto da Temática Ambiental
Atualmente a degradação ambiental tem sido presença
constante na agenda de muitas instituições. No país, nos estados e nos
municípios, o processo de desenvolvimento econômico (progresso), sempre foi à
base da exploração dos recursos naturais sem a devida preocupação com a
preservação e sustentabilidade frente ao modelo de extrativismo aplicado. De um
modo geral a Humanidade não tem percebido seu modo de relacionamento com os
recursos naturais, com os bens de consumo gerados e com os resíduos
descartados, que geram a poluição e degradação do seu ambiente e, por
conseguinte de sua qualidade de vida. O município de Bagé no Rio Grande do Sul
não se constitui numa exceção no trato das questões ambientais, em especial
quando se refere aos resíduos sólidos e aos seus recursos hídricos.
Ações em educação ambiental são poderosos instrumentos
para alterar o quadro nesses cenários de ações antrópicas degradadoras sobre o
ambiente. Tais construções compartilhadas pelos seus principais atores (alunos,
professores e comunidade, cidadãos) tornam-se vivas e vívidas, fazendo com que
passem a ser vistas como uma prática sociocultural, possibilitando a formação
da consciência ambiental na sociedade.
A Educação Ambiental deve considerar o Meio Ambiente
em sua totalidade, deve ser contínua, atingir todas as faixas etárias, ocorrer
dentro e fora da Escola e, examinar prioritariamente as questões ambientais
locais, sob um enfoque interdisciplinar. É imprescindível a compreensão de que
ambiente não se refere apenas à natureza (vegetal e animal), mas sim às
relações de interação e interdependência entre todos os seres vivos que fazem
parte de todo e qualquer ambiente (meio abiótico), com os quais também
interagem. Para entendermos o ambiente de maneira integrada, faz-se necessário
que a Educação Ambiental torne-se parte do cotidiano na prática escolar,
possibilitando que outras dimensões da educação ambiental (social, econômica,
política, cultural, etc) possam ser compreendidas.
Em vários trabalhos com o tema Educação Ambiental é
possível encontrarmos indícios de que há necessidade de maiores subsídios
teóricos e metodológicos para os professores, em especial das Ciências, ensinar
e promover encontros do ser humano com o ambiente. Sabe-se que a grande maioria
dos professores não está devidamente instrumentalizada e preparada para
inserir-se numa discussão com os alunos no que diz respeito às questões
ambientais.
Para a prática pedagógica
em educação ambiental, são imprescindíveis os conhecimentos dos problemas que
afetam, sobretudo, a realidade local e, a formação de atitudes de
reflexão-ação, fundamental para garantir o sucesso da prática educacional. É de
conhecimento que ações de educação ambiental são bem menos desenvolvidas e
exploradas no contexto do ensino médio, momento este, em que contribuir para a
formação reflexiva, crítica e emancipatória do adolescente se faz tão importante.
Integrando as abordagens na Formação Inicial
O educador de Química
deve estar preparado para ser o facilitador e mediador de um processo
significativo de ensino e aprendizagem e, para possibilitar as condições de
desenvolvimento para um processo crítico e reflexivo em seu educando. A partir
destes contextos apresentados, este subprojeto vai ao encontro da formação
inicial destes educadores de química ao buscar que esses desenvolvam sua
formação profissional vivenciando o uso da experimentação no ensino de química
contextualizado e a apropriação da educação ambiental, de uma forma
interdisciplinar vivida em situação de ensino.
Este subprojeto visa o
desenvolvimento e a aplicação de atividades experimentais contextualizadas com
o meio ambiente e a realidade local através da química ambiental, trabalhada de
forma interdisciplinar com contextos que dão vida e sentido ao estudo e
aplicação da química. Assim, além de buscar desenvolver um melhor processo de
ensino-aprendizagem para o ensino de química, também busca contribuir no
desenvolvimento de um sujeito mais crítico e reflexivo, ao pensar sua relação e
ação sobre o meio ambiente.
Prof. Dr. Tales L Costa Martins
Coordenador Subprojeto Química PIBID-2011 (2012-2013)
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